por Daniel Costa Lima, terça, 14 de junho de 2011 às 08:07
Quando se fala em estratégias para diminuir, prevenir casos de estupro, geralmente, algumas coisas que surgem são: 1) orientações para que as mulheres não andem em determinados lugares e determinados horários; 2) à noite, as mulheres nunca devem andar sozinhas; 3) as mulheres devem aprender alguma arte marcial, para que possam se defender em casos de agressão sexual; 4) distribuir spray de pimenta para as mulheres, como será feito em Uganda; 5) à noite, as mulheres devem andar com um apito pendurado no pescoço, para que possam chamar atenção em casos de tentativa de violência sexual, como acontece em muitas universidades estadunidenses; 6) as mulheres não devem beber em excesso em lugares que não conhecem bem e quando estão sozinhas, pois algum homem pode tomar proveito da situação; 7) as mulheres não devem aceitar bebidas de estranhos, pois esta pode estar ‘batizada’ por alguma droga; 8) as mulheres devem evitar roupas decotadas e curtas, pois isso ‘instigaria’ o lado animalesco dos homens; 9) elas devem dizer “não”, em alto e bom tom, de maneira firme, decidida e repetida... as mulheres devem, as mulheres não devem, as mulheres...
A questão é: as mulheres não deveriam ter que se desdobrar em estratégias para não serem estupradas! Elas deveriam poder andar por toda a cidade, em qualquer horário, acompanhadas ou não; deveriam poder beber à vontade e eventualmente se embriagarem à vontade; deveriam poder usar a roupa que bem entendem, sem que isso seja compreendido como um convite sexual; deveriam poder flertar à vontade, beijar à vontade, e depois falar que não querem transar e ponto...
Não temos que modificar a mentalidade das mulheres, mas sim, a de vários homens, que ainda enxergam as mulheres como objetos sexuais, que não aceitam um “não” como resposta, que (mal) acostumados a um mundo de privilégios (quase sempre garantidos por mulheres, que cuidam da casa deles, dos filhos deles, das roupas deles e muitas vezes, até da saúde deles), não conseguem ter seus desejos frustrados, e que assim, se acham no direito de usar da força física e da ameaça para garantir os mesmos. Manter o debate da violência sexual centrado nas mulheres mantém a falsa idéia de que este é um problema das mulheres.
A questão é: as mulheres não deveriam ter que se desdobrar em estratégias para não serem estupradas! Elas deveriam poder andar por toda a cidade, em qualquer horário, acompanhadas ou não; deveriam poder beber à vontade e eventualmente se embriagarem à vontade; deveriam poder usar a roupa que bem entendem, sem que isso seja compreendido como um convite sexual; deveriam poder flertar à vontade, beijar à vontade, e depois falar que não querem transar e ponto...
Não temos que modificar a mentalidade das mulheres, mas sim, a de vários homens, que ainda enxergam as mulheres como objetos sexuais, que não aceitam um “não” como resposta, que (mal) acostumados a um mundo de privilégios (quase sempre garantidos por mulheres, que cuidam da casa deles, dos filhos deles, das roupas deles e muitas vezes, até da saúde deles), não conseguem ter seus desejos frustrados, e que assim, se acham no direito de usar da força física e da ameaça para garantir os mesmos. Manter o debate da violência sexual centrado nas mulheres mantém a falsa idéia de que este é um problema das mulheres.
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